João Camarero e Arthur Nestrovski - dois violões, no SESC CPF
As palavras são uma glória do nosso cancioneiro. A tal ponto que, em muitos casos, chegam a obscurecer a música. Reunindo tanto peças solo como duos de violão, em arranjos inéditos, o repertório desses shows recolhe um acervo de canções “reveladas”, reviradas de dentro para fora, por assim dizer, em versões instrumentais. As palavras, agora, ficam só na memória de quem ouve – amparada por conversas sobre o contexto e sentido dessas obras-primas, de compositores como Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Garoto, Tom Jobim, Baden Powell, Chico Buarque e Edu Lobo.
A primeira edição do projeto será a “Coleção Vinicius de Moraes”. O grande poeta da música popular brasileira serve, aqui, de curador musical, definindo o repertório com o instinto certeiro de quem foi parceiro de todos os nomes citados acima, entre outros – sem falar nas próprias composições, incluindo alguns clássicos do nosso cancioneiro, como “Valsa de Eurídice” e “Pela Luz dos Olhos Teus”.
Há espaço, ainda, para “canções sem palavras” no sentido estrito: composições criando suas imaginárias letras, só de notas musicais. É bem o caso de Villa-Lobos ou de Radamés Gnatalli. Tudo isso interpretado por dois dos maiores nomes do violão brasileiro, tocando juntos pela primeira vez, no projeto Música Inaudita, da Biblioteca Mário de Andrade.